Proposta pelo vereador Thor de Ninha, foi realizada na manhã da última quinta-feira dia (23/05/2024), no plenário da Câmara Municipal, audiência pública com objetivo de promover o debate sobre a importância à saúde, à inclusão e ao acolhimento das pessoas com lúpus, hemofilia e doenças falciformes.
A mesa foi composta pelo vereador, Júlio Jorge Musse Calzado, diretor-geral do Hospital Dantas Bião, Laíze Costa, diretora da Policlínica Municipal, Anderson Oliveira Santana, farmacêutico e coordenador do serviço de farmácia hospitalar da Prefeitura de Inhambupe, Marlene de Oliveira, agente comunitária de saúde que acompanha dois pacientes com lúpus, Jacira Conceição, presidente da Associação Lúpicos Organizados da Bahia (LOBA), Ênio Estevão de Santana, presidente do Conselho Municipal de Saúde, Cleildes dos Santos Brandão, representando pessoas com hemofilia, Naiana Santana, presidente da Associação Alagoinhense de Pessoas com Doenças Falciformes (AAPEDFAL), e Yumara Franco, que representou Laína Passos, secretária municipal de Saúde.
Ao abrir a audiência pública, o vereador Thor de Ninha ressaltou a importância do debate e do encontro de pessoas que têm lúpus, hemofilia e doenças falciformes que enfrentam dificuldades para ter acesso a especialistas e ao serviço público de saúde.
Segundo o vereador, a discussão do tema é importante para nossa cidade Alagoinhense. “Não só para a cidade de Alagoinhas, como para todo o Brasil ou para todo mundo, porque o que nós estamos discutindo aqui hoje é de muita relevância. A intenção inicial dessa nossa audiência pública é que a gente possa discutir e debater a conscientização das pessoas com lúpus, hemofilia e doença falciforme, porque estão muito próximos. Dia 19 de Junho é o dia da pessoa com doença falciforme. Dia 10 de maio é o dia de conscientização do lúpus. E dia 17 de abril é o dia da conscientização das pessoas com hemofilia”, argumentou.
Em tom de desabafo, Naiana Santana afirmou que há um ano apresentou à secretária de Saúde, Laína Passos, uma pauta de reivindicações até hoje não atendida. “Nada do que foi para a secretária foi atendido. Infelizmente, a Policlínica não atende as necessidades dos pacientes que estão morrendo, pacientes que estão ficando cegos por falta de oftalmologista, e de um exame que não é feito porque a máquina está quebrada, além da falta de um relatório médico que não é emitido pela Santa Casa”, argumentou.
O presidente da Associação Alagoinhense de Pessoas com Doenças Falciformes prosseguiu: “Isso aqui é um desabafo porque hoje é uma oportunidade que tenho com esse microfone na mão. Um ano lutando com o estado da Bahia, sentada à mesa com a secretária da Saúde porque em Alagoinhas ninguém me escutou. Infelizmente, eu não estou sozinha, tem pacientes que precisam dessa ajuda e eu sei o quanto dói ver nosso ente querido em um leito, precisando de bolsas de sangue, mas que não tem acesso, pois o seu fenótipo não foi encontrado. Infelizmente, o Hemoba de Alagoinhas não atende a gente e nem sabe que a gente existe”.
A agente comunitária de saúde, responsável pelo acompanhamento de duas pessoas com lúpus, Marlene de Oliveira Ramos agradeceu a oportunidade de participar da audiência pública. “Eu sei que não é fácil a vida destas pessoas. Espero que nesta manhã de trabalho cheguemos a um denominador que venha a ofertar direitos às pessoas que têm lúpus”, assegurou.
Jacira Conceição, presidente da LOBA, explicou em sua palestra o que é lúpus, os tipos, os sintomas mais comuns, os fatores ambientais, hormonais e as predisposições genéticas que podem desencadear a doença, o lúpus na gravidez e os meios para detecção.
Júlio Jorge Musse Calzado, diretor-geral do Hospital Dantas Bião, ressaltou a importância dos espaços de debate na construção de políticas públicas. “Nada melhor do estar junto das associações e do Conselho Municipal de Saúde, porque é nesse processo que a gente tenta garantir a integralidade da assistência aos usuários”, salientou.
A diretora da Policlínica Municipal, Laíze Costa afirmou que está aberta ao diálogo para buscar soluções com a intenção de prestar o melhor cuidado. “Quero reafirmar meu compromisso enquanto diretora e o compromisso dos profissionais de prestarmos uma assistência de qualidade para todos que precisam, mesmo não tendo todas as condições”, pontuou.
Anderson Oliveira, a exemplo de outras pessoas que compuseram a mesa, fez um depoimento que emocionou os participantes da audiência: “Atuo no hospital Dantas Bião junto com Júlio e com toda a equipe multidisciplinar. Coordeno também o setor de farmácia hospitalar no município de Inhambupe, mas, acima de tudo, sou uma pessoa com doença falciforme. A gente precisa mostrar que independente das patologias que possui, do tipo de doença, das dificuldades que a gente tem, que a gente enfrenta no dia a dia, qualquer pessoa é capaz”.
A enfermeira do Hemoba Alagoinhas, Lisandra Aquino afirmou que a equipe da unidade vem “fazendo um trabalho árduo para captar doadores de sangue para atender pacientes com anemia falciforme”. Ela disse que o estoque está sempre baixo. “A gente precisa de estoque de sangue, inclusive para os portadores de anemia falciforme que fazem uso rotineiramente e temos essa dificuldade”, acrescentou.
Ênio Estevão, presidente do Conselho Municipal de Saúde, parabenizou o vereador Thor de Ninha pela realização da audiência e sua importância para a construção de políticas públicas de saúde no município. “A gente precisa encaminhar, deliberar aqui mesmo, tirar encaminhamentos para o Conselho Municipal de Saúde, Secretaria Municipal de Saúde e Ministério Público para que a gente consiga implementar ações e que todos, de fato, sejam beneficiados”, enfatizou.
Cleildes dos Santos Brandão também emocionou os presentes com seu depoimento: “Eu quero dizer em primeiro lugar que eu sou mãe e estou aqui representando hoje uma das maiores guerras vividas por mim, que é ser mãe de hemofílico. Não conhecia. Não tinha conhecimento dessa enfermidade. Ninguém tem hemofilia na minha família, a não ser o meu filho, e hoje eu quero agradecer imensamente a Thor, porque ele antes de ser um vereador, é meu amigo. Estou aqui hoje não é porque você é meu amigo, é porque você conhece a necessidade de que cada um de nós, que estamos aqui representando uma patologia, que estamos aqui sendo representados por ele. Thor, obrigado por ser a minha voz nesse lugar e hoje eu não estou vestida dessa forma à toa é porque eu sou uma leoa, eu sou uma onça que estou aqui para brigar pelos direitos que o meu filho tem”!.
Yumara Franco registrou a importância dos três temas tratados na audiência pública e disse esperar que se consiga fortalecer e encaminhar propostas para atendimento das demandas.
As vereadoras Juci Cardoso e Jaldice Nunes também parabenizaram o vereador Thor de Ninha pela realização da audiência. Elas ressaltaram a importância das políticas públicas que atendam as demandas de pacientes com as três doenças.
A vereadora Juci Cardoso ressaltou a importância do evento e a alegria de ver a formação da mesa. “Quero também dizer da minha alegria de ver aqui a presença do diretor geral do hospital, que é um diferencial e sinaliza uma outra possibilidade de caminhar”, salientou. Portadora de dor crônica, a vereadora disse que poderia falar sobre lúpus, hemofilia, doenças falciformes e reumáticas com muita propriedade. Ela afirmou ainda que as doenças são pautas e exigem políticas públicas necessárias para atender um público até então invisibilizado pelo SUS. “Temos avançado muito na construção destas políticas, mas precisamos, de fato, ter isso em toda a assistência”, pontuou.
A vereadora Jaldice Nunes também parabenizou o vereador Thor de Ninha pela realização de audiência tão importante. A parlamentar informou que tem um filho com traço falciforme e em função disso começou a ler sobre o assunto e um tempo depois passou a ter contato com pessoas com anemia falciforme. Jaldice, apesar de se considerar um mulher forte, afirmou que não tem estrutura emocional para ver uma pessoa com dor.
Com a mesma linha argumentativa, o vereador Edy da Saúde registrou a importância dos temas debatidos na audiência.
As manifestações de pessoas com as doenças abordadas na audiência pública foram registradas, e a importância da informação para a melhoria da qualidade de vida dos pacientes, a necessária e urgente estruturação dos serviços públicos de saúde para que as demandas dos usuários sejam atendidas no tempo certo e a oferta de médicos especialistas.
No geral, os pacientes estão insatisfeitos com a prestação de serviços da Prefeitura de Alagoinhas e do governo do estado.
Estudantes da UNIRB e membros da Associação Vida Nova participaram da audiência pública.
FONTE:
Ascom – Câmara Municipal de Alagoinhas
Fotos – Jhô Paz