Na sessão ordinária da Câmara Municipal, na última quinta-feira dia (15/04/2025), a vereadora Juci Cardoso (PT) fez um pronunciamento contundente sobre os altos índices de violência contra mulheres no Brasil, trazendo à tribuna casos recentes de feminicídio e violência sexual ocorridos em diversos municípios da Bahia e em outras partes do país. A fala provocou repercussões entre os demais parlamentares, que também se manifestaram sobre o tema.
A vereadora iniciou seu discurso com tom de desabafo. “É um absurdo continuar havendo casos de violências recorrentes na sociedade, com o silêncio e a conivência da maioria absoluta da população”, afirmou, relatando episódios recentes de feminicídio em Salvador, Santana, Irecê e Juazeiro, além de casos de violência sexual envolvendo crianças e adolescentes.
A parlamentar também criticou o que classificou como naturalização da violência e apontou a omissão da sociedade e das autoridades. “Nós aprendemos o lugar e a força da nossa voz. Não é fácil estar nos parlamentos”, disse, reforçando a importância da presença feminina no Legislativo e o enfrentamento político ao machismo estrutural. Ela lembrou ainda que uma proposta de sua autoria junto com as demais vereadoras da Casa, Raimunda Florêncio (PSD), Jaldice Nunes (UB) e Luma Menezes (PDT), que tratava de diretrizes para enfrentamento à violência contra mulheres no município, foi integralmente vetada pelo governo municipal anterior.
A vereadora Luma Menezes elogiou a fala de Juci e reforçou a importância da representação feminina nos espaços políticos. “Apesar de sermos minoria, estarmos aqui tem um significado fundamental. Estamos aqui para garantir que as meninas se reconheçam nas figuras que nós representamos”, afirmou. Também anunciou a construção de um projeto de lei para criação de um Observatório de Violência Política Digital de Gênero e Raça, em parceria com as demais vereadoras, voltado a monitorar e combater práticas de violência nas redes sociais.
O vereador Edy da Saúde (PSD) também se manifestou, classificando como “assustador” o número de casos de violência contra a mulher. Ele defendeu leis mais duras e punições mais severas como forma de tentar conter os crimes. “Nosso país é o quinto em violência contra a mulher. É um absurdo. Está fora de controle”, declarou.
Já o vereador Anderson Xará (Progressistas) destacou a necessidade de maior atenção e seriedade ao tema. Ele também compartilhou experiências pessoais para ilustrar o papel da educação familiar no combate à violência. “Os pais pecam quando não fiscalizam o comportamento dos seus filhos, a orientação é importante”, afirmou. Em seguida, confessou a indignação com casos de violência contra mulheres que terminam impunes. “A sensação é de que nada acontece com quem é violento”.
Por fim, a vereadora Juci Cardoso também reforçou a necessidade de solidariedade entre as mulheres na política, independente dos lados políticos, de modo que o fortalecimento da democracia possibilite a participação feminina sem que passem por violências. “Espero que, na próxima geração, as mulheres não precisem vivenciar nenhum tipo de chacota ao estarem falando”, exclamou. “E que não precisem aumentar a voz pra se fazerem ser ouvidas, nem que continuem sendo estupradas e mortas sem que ninguém se importe com isso”, concluiu.
FONTE:
Ascom – Câmara Municipal de Alagoinhas
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