Em pronunciamentos no início de sua carreira política, entre 1989 e 1991, o atual candidato ao Planalto Jair Bolsonaro (PSC), então vereador do Rio de Janeiro, com 34 anos, afirmou que pobre "não sabe fazer nada" e sugeriu que bandidos fossem "depositados" no meio da Amazônia para "conviver com animais".
Em consulta ao Diário da Câmara Municipal (DCM), onde eram registrados os pronunciamentos na época que a Câmara Municipal do Rio de Janeiro não tinha um canal de TV, o jornal Folha de S. Paulo localizou mais de 2.000 menções em nome do deputado. A pesquisa indica que Bolsonaro fazia discursos esporádicos.
Numa discussão sobre uma onda de crimes violentos, quando também era capitão do Exército, Bolsonaro sugeriu que os criminosos fossem "depositados" no meio da Amazônia. Lá, eles não ficariam presos, mas sim soltos na mata e poderiam "conviver com animais".
Um colega ironizou: "O que o senhor tem contra a selva amazônica para fazer uma proposta desse gênero? [...] Acho que se eles forem espertos o bastante para chegarem perto de Manaus vão matar mais pessoas e nós estaríamos sendo responsáveis." O presidenciável respondeu: "Garanto que não chegam".
Em outra ocasião, em discussão sobre o controle de natalidade, o então vereador disse não acreditar em métodos contraceptivos. "Não adianta vir com paliativo, mostrar folhetinhos para a população carente que é analfabeta". Ele também foi contra à distribuição de preservativos a moradores de favelas, pois, segundo Bolsonaro, "a molecada vai brincar de bexiga".
O político ainda relacionou o aumento da população com a falta de qualificação profissional dos mais pobres:
"A mão de obra excedente no Brasil é dessa classe mais carente, que não sabe fazer nada. Eu recebo de vez em quando alguns ex-soldados em meu gabinete, então digo 'companheiro, vou te empregar onde? O que você sabe fazer?' E ele responde: 'Sei puxar cordinha de canhão, sei rastejar, sei fazer faxina'. Vou colocá-lo onde? Com que cara vou solicitar para um amigo meu um emprego para uma pessoa que não tem uma qualificação como essa?"
Procurada pela jornal, a equipe de Bolsonaro não comentou.